domingo, 6 de outubro de 2013

Um belo dia, acordei maior....

Imagem extraída do sítio: http://cmei-itacolomi.blogspot.com.br
Meu recomeço: resolvi escrever sobre isso aqui, porque acredito que, como eu, existam muitas mães que abdicaram de seu trabalho em prol da qualidade de vida de um filho...


Há cerca de um mês atrás, voltei a traçar retas e curvas com minha velha grafite ponto nove... sabe quando você percebe que agora é diferente? Muitas vezes eu tentei voltar, muitas vezes começei a ler textos ou livros, mas parei na primeira página, ou no primeiro parágrafo, como se houvesse um obstáculo invisível me impedindo de reentrar naquele meu esquecido mundo, minha profissão que tanto busquei, em tão sofridas noites sem dormir sobre livros antes e durante a faculdade, em outras tantas noites em claro sobre pranchetas, desenhando desenhando desenhando...

Quando se pára por tanto tempo como eu parei, fica difícil voltar, principalmente quando sua autoconfiança anda meio abalada. Durante estes 5 anos dentro de casa, meus colegas de profissão seguiam com projetos, participando de congressos, viajando, concluindo cursos, fazendo parte do circuito social que tanto beneficia profissões como a nossa... e quando eu pensava nisso, vendo-os de longe através da tela do computador, eu imaginava o quão atrás eu tinha ficado, e ía sentindo-me cada vez mais distante, como se aquela pessoa que havia se formado em Arquitetura em 2005, não fosse mais eu, fosse um "eu" antigo, quase morto...

Mas tudo tem um fim, realmente..até mesmo o "fim" tem um fim...

Naquele dia, do recomeço, acordei 6:30 da manhã, tomei um banho, escovei os dentes, acordei os meninos, os vesti com o uniforme, tomamos o café, os levei para escola e segui para o escritório...escritório emprestado, mas era um "escritório". E segui assim dia após dia, sem perder o prumo, a esperança, o entusiasmo. Está sacramentado: voltei! 

E sabe o que mais me impressionou? Foi como eu me senti naquele dia, em todos os movimentos que eu fazia, desde gestos a falas, parecia que eu era uma pessoa melhor, alguém mais importante, bem maior... foi quando me veio aquela frase já tão batida "O trabalho dignifica o homem"... E é assim realmente. Durante estes 5 anos, fiz coisas louváveis na minha vida, cuidei dos meus dois filhos, me dediquei intensivamente à saúde deles, cheguei a trabalhar produzindo doces especiais para crianças com alergia alimentar, mas nada se compara a sensação de voltar a trabalhar realmente na profissão que você sempre desejou...

Espero inspirar mães que também perderam o caminho do recomeço... Quando eu decidi pedir demissão do meu antigo emprego, li um trecho de um livro que dizia mais ou menos assim (sobre deixar de trabalhar para cuidar dos filhos): "o que na vida é possível de resgatar: o dia a dia com seu bebê, participando de seus primeiros momentos (o engatinhar, o andar, o falar, o alimentar-se...)? ou um emprego?" 

Isso bastou pra mim, minha decisão foi definitiva, mas graças a Deus, minha situação, não... 

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