sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Amamentação

Hoje, um assunto iniciado no grupo Tips do facebook, provocou-me um "reviver"... coisa recente, não muito remota... reviver da Amamentação. Não gosto de ficar repisando esse assunto sempre, pra não parecer pedante, mas hoje queria escrever sobre isso, de uma forma livre, neste meu espaço que passei a dividir com vocês pessoas virtuais de algum lugar do além-tela...

Como já descrito tantas vezes em outras publicações, meu filho mais velho tem alergia mediada para proteínas do leite, ovo, ácaro, formiga... Quando decidi engravidar novamente, já me preparei para os sacrifícios prováveis que essa gestação me acarretaria. E assim, depois de conversar com os especialistas que nos acompanhavam, tirei o leite e o ovo da minha dieta assim que entrei no meu 7º mês de gestação, inclusive dos traços destes.

Quando minha filha nasceu, meu leite estava preparado, limpo e foi seu alimento por exatos 1ano e 2 meses. A partir do segundo mês, também excluí a soja, porque ela reagia com fezes esverdeadas, de odor forte, e com muita cólica. Teve uma época que tirei quase tudo, tinha muita dificuldade de encontrar opções de comida pra mim...ela reagia também ao ferro, ao mamão, e aos 10 meses de vida sangrou com carne de vaca na sopinha... foi quando confirmei enfim, o que já se esboçava desde cedo: a genética vencia todo meu esforço, ela também era alérgica.

Esforço? Qual esforço, vou dizer a vocês o que significa: Não acho que abdicar de comidas de restaurante e festas tenha sido minha principal dificuldade. Comer sem leite, ovo e soja foi fácil demais, e continuou sendo tão prazeroso como era comer sem restrições. Eu já tinha experiência com vários pratos idealizados para meu filho, e qualquer desejo que tinha, pizza, sorvete, brigadeiro, torta, qualquer coisa eu ía na net, adaptava em casa, errava, refazia, até acertar uma tão saborosa... porque tudo é possível, enfim, quando a cabeça é pensante e o coração pulsante.

Porém, a dificuldade MESMO, surgiu na primeira semana de vida da minha pequena recém-nascida: ela só mamava em um seio, recusava o outro, que aos poucos foi deixando de produzir leite, e realmente ali, me desesperei um pouco, pois amamentá-la era minha tábua de salvação, minha carta na manga, minha esperança de salvá-la da A.A.

E ela se sustentou nesse peito, por todo os 14 meses, sem precisar recorrer um minuto sequer a qualquer fórmula alimentar. Mamou exclusivamente, aos 6 meses introduzimos frutas, depois sopinhas, e com 1 ano, já pensando em desmamá-la, ofereci sua primeira mamadeira de Neocate.  Entrou no programa para receber o leite pelo governo, onde passou para o pregomim, mas logo entrou no aptamil pepti, e por fim, com 1 ano e 4 meses começamos a introdução com o leite Ninho integral.

Hoje minha caçula está com 2 anos e 2 meses, livre da aplv. Ainda tem reações intestinais quando consome soja, e a sequela maior de sua experiência alérgica, é que ela perdeu todas as "boas janelas" alimentares...eu não oferecia muitas variedades por medo das reações, era algo muito novo pra mim, pois Danilo era mediado, seus sintomas eram bem definidos, instantâneos, não deixavam dúvidas..já minha filha, não-mediada, mostrou-me o tormento da insônia do "tentar descobrir o quê e quando" fez mal... Por toda essa insegurança, ela come muito mal, é uma verdadeira batalha fazê-la aceitar uma refeição no almoço ou janta...por ela, vivia de leite...

Em vários momentos, como mãe que amamenta, tive que enfrentar desafios a mais, tentações de parar, como por exemplo: por duas vezes, ela fez greve de mama por causa da dentição, quando tive que ordenhar manualmente e oferecer no copinho, pois ela não aceitava mamadeira. Enfrentei também uma crise conjugal, associada e causadora (simultaneamente) de uma crise de auto estima minha, o meu corpo transformado, meu seio bem maior que o outro, estética deformada, enfim, a mulher que um dia existiu em mim, naquele período, parecia morta e enterrada, sufocada pela mãe em período integral, total e insubstituível...

Sobrevivi... passou...venci.

Vencemos, na verdade. E sou muito feliz em me reconhecer tão forte, tão corajosa, tão responsável. Fiz o que pude, fiz o que foi preciso, e felizmente, valeu a pena, ela venceu a aplv.

Amamentar foi uma das melhores experiências da minha vida. Meu primeiro filho, inclusive... com ele, durou apenas 7 meses, mas foram meses intensos...eu era uma pós gestante em depressão, não consegui aproveitar todos os momentos com ele...mas os melhores, que não se apagam da minha memória, foram justamente o amamentar. Eram minutos mágicos, onde eu entrava na alma dele e ele na minha...cada mamada me fazia amá-lo mais. E amamentar minha caçula foi um "matar de saudade" daquela primeira experiência...



Por fim, amamentar é sim uma opção. Muitas mulheres optam por negá-la. Mas para uma mãe de aplv, ou provável aplv, amamentar é uma necessidade. Existem talvez uns 10 bons motivos para você decidir não amamentar seu bebê, e quem sabe poucos, muito poucos motivos para amamentá-lo. Mas destes, um deles por si só, já bastaria: o ser que VOCÊ gerou, fez brotar no teu seio um alimento sagrado, e VOCÊ não pode negar ao seu filho o que nenhum animal mamífero nega a sua cria. Supere suas dificuldades, supere a si mesma e simplesmente...A M E.

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