domingo, 30 de novembro de 2014

O dia da cura...

Novidade boa pra registrar aqui: Danilo, meu filho que fez 6 anos há poucos dias atrás, está CURADO da alergia ao LEITE. 

Tínhamos um teste de provocação oral com ASSADOS (proteína do leite modificada pela temperatura alta). Ele fez um pricktest que deu um resultado tão bom, que a médica sugeriu fazer a provocação com a proteína íntegra do leite de vaca. E eu topei.

Ele bebeu 180ml de iogurte de morango e NÃO REAGIU!

Pra relembrar, DANILO, aos 6 meses, teve que ser levado às pressas pra o Hospital devido uma reação anafilática, e depois disso viveu numa redoma até quase os 3 anos, pois regia forte ao contato. 

Tudo isso aconteceu sem eu esperar, sem a tamanha expectativa de todas as outras vezes (Relembre o último TPO, postei aqui no blog, neste link: CLIQUE )...se ele tivesse reagido, com certeza, dessa vez eu não teria saído de lá chorando, mas ver Danilo tão feliz por saber que pode comer queijo, danone, pizza...isso realmente, me fez voltar um pouco no tempo. Não foi fácil gente, não foi. Mais ultrapassamos essa etapa, finalmente! 

E tenho muitas coisas boas guardadas no meu coração, principalmente as amigas que fui colhendo ao longo desses anos, amigas que tenho visto todos os dias pelo computador, toda vez que "visito" nossa "casa" on line, esses grupos abençoados que são verdadeiras máquinas de teletransporte, onde conseguimos ser compreendidas, aceitas e incluídas. Posso dizer que construí uma relação verdadeiramente fraternal, esquisita, é verdade....posto que talvez nunca nos veremos pessoalmente, mas nossos sentimentos, nossa relação de afeto e identidade, nossa comunicação fluida e muitas vezes diária, isso tudo nos tornam irmãs. Por isso agradeço a elas todas, pois me ajudaram muito, é fato, principalmente no departamento da alma.

Mas com certeza, devo agradecer principalmente a Deus por ter me feito nascer na família que nasci, por ter me casado com o pai dos meus filhos, duas crianças perfeitas, com toda a carga genética de "patologias" tão especiais, fortunas que nos ensinam todos os dias a crescer, nos superar e sempre nos fortalecer.


Ainda falta ele se curar do ovo, ainda falta a pequena se curar do leite, da soja e da carne...ainda falta uma vida inteira pra vivermos, e que maravilha, que Deus nos permita vivermos muitos anos, com saúde e aprendendo e crescendo e nos fortalecendo cada vez mais...

Esta publicação, enfim, além de festejar à vida, tem uma clara intensão: a de te dar ESPERANÇA. Tenha fé, a cura existe. Fé... digo FÉ, em Deus, no homem, e na cura. Mas tenha fé, acima de tudo, em você. Faça sua parte, siga o que os especialista dizem (mas que seja um bom especialista, pois há os profissionais medíocres, como em todas as áreas), não tenha medo de EVOLUIR, de avançar as etapas. Mas cada etapa, tem seu tempo. Não ultrapasse nenhuma delas, volte atrás se preceber o erro, e vá assim, andando passo por passo, voltando um, quando preciso. 

Porque afinal, não é tão ruim ser alérgico alimentar! É claro, não ser, é bom demais...mas não pensa nisso, apenas segue as etapas, sem sonhar acordada com o prato de pizza com queijo. Deixa pra fazer como eu fiz, vai andando, passeando pela estrada da aplv, assoviando ou cantando, sem pensar no amanhã. Um dia, quando essa tal cura chegar, só então, você percebe que pode tantas coisas, só então você formula aquele discurso maravilhoso e emocionado de agradecimento.

Beijos! E até a próxima...

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Formigas


Imagem retirada do site: www.dicasfemininas.com.br
(Por Marília Pinheiro)

Estava olhando uma formiga que passava ao meu lado, tão mínima e tão rápida caminhando sobre o rejunte da parede, e ali vi um reflexo da minha vida...

Quando eu era criança, as formigas eram criaturas assustadoras, graças a um filme tosco que vi na tv, onde elas tornavam-se gigantes e atacavam os homens. Depois de ver esse terror nunca mais fui a mesma criança, não podia fechar os olhos sem pensar que a qualquer momento as formiguinhas da casa virariam monstros, não conseguia esquecer aquelas anteninhas gigantes riscando em minha direção, com seus olhos medonhos...

Ultrapassada essa fase, as formigas passaram a provocar em mim uma enorme compaixão, a ponto de eu não conseguir esmagar nenhuma, ou passar o dia com a consciência machucada por ter pisado acidentalmente em uma operária levando um grão de pão nas costas. Eu costumava me pôr no lugar delas, me diminuir ao seu tamanho e imaginar um pé cem vezes maior me esmagando sem piedade. Cheguei a pensar inclusive que formigas poderiam ser almas de gente encarnadas de uma vida passada, e que na minha próxima vida eu poderia vir como formiga! rs

O curioso é que hoje consigo matar formigas que nem mesmo me ameaçam o doce...Depois que eu fui mãe, e especialmente mãe de um menino que tem importante alergia a esses bichinhos, tornei-me assassina em série de formigas de qualquer tipo, na verdade, de seja qual for o inseto de provável qualidade "ferruativa".

Tenho ou não uma íntima relação com essas criaturas? Praticamente elas traduzem alguma expressiva evolução da minha jornada!

Regresso ao corpo, à minha casa, ao meu tempo presente (que já é passado, por sinal) e a formiga já ia longe pela outra parede. Estive me modificando por toda minha vida, enfrentei vários medos, construí algumas fortalezas, e poderei provavelmente refazer algumas rotas... que venham mais formigas! 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Ser Feliz! seja como for...


Você já sentiu culpa por comer numa pizzaria sem as crianças? ( por flagrar-se aliviada, pois  não precisava se preocupar com as mãos, ou em comer escondido deles);

Você já se viu zangada com um funcionário que empacotou suas compras? (pelo inocente ter colocado as comidas do seu filho na mesma sacola dos iogurtes do seu marido);

Você já fez ecoar um grito incontrolável dentro de um supermercado? (por  ver seu filho tirando um biscoito de um pacote que alguém deixou aberto nas prateleiras);

E ainda no mesmo cenário, fazendo sua feira semanal, você já teve que sair às pressas, deixando um carrinho cheio de compras pra trás, por ter esquecido o antialérgico em casa, e ver ali seu filho todo empolado, com olho inchado? Sabe porque, dessa vez? Porque o pai teimou em colocar o menino naqueles carrinhos de criança, acoplado ao cesto de compras... um absurdo né? Querer que seu filho seja igual a todas as outras criança da cidade? imagine só, naquele dia, ou muitos dias antes, algum pequeno deve ter utilizado o mesmo, se deliciando com um iogurte antes de pagar, como é muito comum de se ver...e aí, o outro garoto, coitado, alérgico a leite reagiu ao simples contato da direção e da cadeirinha sujas.

Respiro fundo e te falo: Sim, isso tudo já aconteceu comigo! E infinitas outras coisas! Poderia escrever facilmente uma lista de 10 páginas. E justamente hoje, não sei porque, relembrei tudo que fomos, eu, meu marido, meu filho (e posteriormente, minha caçula), tudo que deixamos pra trás nesses maravilhosos anos, desde que nos formamos como família... e quem não tem histórias pra contar? Nenhuma há de ser igual a outra, certamente. A minha, é esta. E sendo chata ou não pra você, meus causos estarão sempre relatando uma mãe que precisa levar marmitas dentro da bolsa quando vai à festas, ao restaurante, ao parque, ao teatro, ao jogo de futebol...uma mãe que já teve que voltar correndo pra casa depois de deixar o filho na escola, pra preparar os brigadeiros dele, pois a professora esqueceu de avisar que teria um aniversário em sala... uma mãe que não sabe o que é viajar sem ter que levar a casa junto e um grande isopor cheio de comidas congeladas.

Sei que muitas mães já viveram tudo isso e saberão exatamente do que estou falando...e pra vocês eu digo: Eu sei o que vocês sentiram em cada momento e respeito toda sua frustração com o mundo, com a vida, com o destino. Respeito mais ainda, a sua volta por cima, tentando reinventar-se e adequar o mundo a vocês. Mas também queria te falar que é maravilhoso ter um filho com alergia alimentar, é um verdadeiro presente até, dependendo do seu referencial. Mas para que você concorde comigo verdadeiramente, antes de tudo, vou te pedir que esqueça alguns paradigmas sobre a felicidade, como por exemplo:

1º) Ser feliz é levar um pote de danoninho dentro da bolsa das crianças;
2º) Ser feliz é poder passar o sábado e o domingo de pernas pro ar, e entrar na cozinha só pra beber água. Poder almoçar no restaurante novo que abriu no bairro e a noite pedir uma comida delivery;
3º) Ser feliz é encomendar salgadinhos, docinhos e bolo no aniversário do filho e só se preocupar em não atrasar seu horário no salão de beleza;
4º) Ser feliz é quando seus filhos estudam no infantil e sua única tensão é referente as mordidas que ele trás pra casa.

Entendeu? Vê como tudo isso é apenas um ponto de vista? A maioria das pessoas são assim, mas isso não quer dizer que você precise disso pra ser feliz. Pense: existem outras opções? Existem outros caminhos? Claro que sim.

Agora, para que você tenha certeza que seu filho é um privilegiado, questione-se sobre os itens a seguir:

1º)A alergia faz de seu filho uma criança menos inteligente, menos alegre, menos sorridente?
2º)A alergia o impede de comer, de degustar, de sentir prazer com os alimentos?
3º)Os alimentos que ele não pode comer são insubstituíveis?
4º) A alergia vai impedir seu filho de estudar, trabalhar, casar-se, ter amigos?
5º) A alergia vai minguar a saúde ou matar o seu filho?


Enfim, se você realmente estiver fazendo seu papel materno, ou essa alergia não tiver causado um dano mais severo, tenho certeza que todas as respostas para as cinco questões foram "não", e que neste momento você vai lembrar de algumas outras crianças com patologias muito mais complicadas, que delimitam e até cessam todas essas possibilidades de satisfação pessoal. E é por isso, enfim que eu considero a alergia, hoje, como algo tão grande como uma gripe...que eu me lamento pela febre e pela tosse, e que preferiria mil vezes nunca ter contraído, mas que no fundo, eu sempre saberei que a febre e a tosse vão passar, que depois de sanada, você poderá viver normalmente pra sempre, até a próxima gripe.