terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Incluir de verdade! Começar por você!


Deficiência é um conceito abrangente demais para se classificar dentro de uma população. Deficientes somos todos...de coisas pequenas, de coisas grandes, de coisas visíveis ou discretas, de coisas concretas ou de sentimentos, carismas, dons, conhecimentos....todos, sem exceção, somos deficientes de alguma coisa importante.

O termo "deficiente físico", que na verdade pode ser também cognitivo e mental, está sendo representado na sociedade, através de ações sociais, jurídicas, urbanas etc, porque existem realmente pessoas que, por conta de suas deficiências específicas, sofrem duramente para serem incluídas dentro das atividades e direitos de qualquer ser social.

Por conta de amanhã, 3 de dezembro, ser o dia estabelecido pelas Nações Unidas para se celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, quero deixar aqui meu clamor por mais AMOR , por mais calor humano, mais tolerância, generosidade, companheirismo, amizade, humildade... de um humano para outro humano. Humanos que somos, amemos uns aos outros, sejam deficientes do colorido ou do transparente. Sejamos exemplos para nossas crianças, antes de qualquer ensinamento que o mundo os traga.

Ontem, tivemos o fechamento de uma ação, idealizada pelo Conselho da Pessoa com Deficiência de Curitiba, que polemizou o tema através de um método bastante ousado: foi criado uma página no Facebook e implantado um outdoor real com revindicações preconceituosas. (Conheça sobre esta ação clicando aqui).

É claro que a forma adotada feriu e machucou deficientes e seus parentes, mas passado o susto e consternação e sensibilizados pelas palavras de Mirella Prosdocimo, presidente do CMDPcD, é possível simpatizar com o que, há tão pouco tempo, repudiamos. É possível cogitar que todo o custo de aborrecimento gerado seja justificado pela necessidade de fazer cada pessoa refletir sobre inclusão. Não estamos falando da inclusão que a Escola, a Igreja, o Restaurante, as Instituições todas devem efetivar. Estamos falando da inclusão que cada pessoa deve admitir em relação ao outro dentro de si mesma, a aceitação verdadeira do outro. 

Por fim, o que se questiona é simples realmente: Você, que não é um deficiente mas que ficou revoltado com a página, respeita por exemplo uma vaga prioritária? Nunca estacionou sobre o símbolo da cadeira de roda por julgar que nenhum cadeirante precisaria dela naquele momento? E quanto ao custo com itinerante ser pago pelas escolas? Você está disposto a arcar com o aumento que isso poderá acarretar na sua mensalidade? Ou pensa "o problema é de quem pariu Mateus"? Outro teste: ficaria feliz se sua filha se apaixonasse por um homem surdo? Está atento ao fato do seu filho humilhar o colega autista que não joga com destreza no time de futebol da escola?... Enfim, como o próprio movimento pós-desmascaramento justificou, se todos que se revoltaram estivessem mesmo cientes dos direitos das pessoas com deficiência, não haveria tanto desrespeito a estes. Acredito que a campanha, apesar de cruel, alcançou o objetivo que por outras formas talvez não fosse possível... fez as pessoas discutirem o assunto, alardeou e se multiplicou, chamou a atenção em larga escala e por fim, põe em cheque a atitude real versus o mero discurso.

Assista o vídeo que esclarece o teor da tal campanha publicitária clicando aqui.