segunda-feira, 24 de março de 2014

Socorro, minha filha não gosta de comer!

Tarde de domingo, 13:30, hora que ainda estava digerindo a angústia de mais uma investida fracassada, e apesar disso, me atrever a escrever sobre algo que não faço a MENOR ideia: Nutrição Infantil.

Sei que existe um programa na TV sobre esse problema , mas eu não assisto TV... Faz 5 anos que ver televisão deixou de ser comum, e dois que tornou-se impossível (com exceção de programas do discovery kids, nick junior, disney) Também encontrei páginas na internet que abordam o tema, e associando isso tudo às minhas poucas conversas com Nutricionistas posso dizer que conheço as principais teorias:
  •  "não ceda, seja forte, determinada: na hora do almoço, se a criança não quiser comer, não ofereça a mamadeira, espere a fome bater";
  • "a criança não vai morrer de fome por um dia sem comer";
  • "não obrigue a criança a comer, não torne esse momento algo ruim que a traumatize";
  • "Ofereça todas as opções mesmo que recusadas, seu papel é oferecer"; e ainda
  • "Toda criança tem uma necessidade diferente, ela conhece as necessidades do próprio organismo"; e
  • "Respeite os gostos pessoais da sua criança".

Quem me entende realmente, também já leu ou ouviu todas essas teorias e sabem que elas não valem absolutamente NADA quando se tem uma filha que nem a minha, que simplesmente NÃO GOSTA de comer.

Já usei de tantos artifícios, já tentei fazer comida saudável em forma de batata frita, mas sabe o que aconteceu? Ela deixou de gostar de batata frita, de tanto comer minhas invenções achando que era a batata... Aliás essa é uma dica pra quem tem filho inocente (ainda) que ama essa fritura e quer fazê-lo deixar de gostar.

Já refiz na minha cabeça, onde eu poderia ter errado, em qual momento fiz diferente com meu primogênito. Minha filha mamou até os 14 meses de vida, e gostava demais de peito, nem sequer aceitava mamadeira, só peito... comia mal suas primeiras papinhas, acho que por conta do refluxo oculto... Não consegui oferecer sólidos sem processar como a pediatra recomendava, até mesmo quando amassado no garfo, ainda assim ela tinha ansia de vômito... A única coisa que posso dizer que ela aceitou muito bem, foi o leite materno, e posteriormente as mamadeiras de leite em fórmula.  Até mesmo o leite de vaca integral ela tomava que era uma maravilha. 

Já ouvi coisas como "criança que mama muito tempo geralmente é difícil de comer" e sem entrar no mérito se essa afirmação procede ou não, como poderia ter sido diferente aqui em casa? Ela precisava da amamentação, era uma potencial herdeira de alergia alimentar... talvez eu tenha perdido o momento correto de oferecer alimentos diferentes, talvez, talvez...

Mas o fato é que não posso mais voltar no tempo e fazer diferente, mas preciso solucionar essa questão que, pra mim, hoje é mais importante do que debater sobre o plano de ações de mobilidade urbana da cidade. 

Então amigos, saí um pouco do facebook, e vim pra cá, desabafar no Blog, pra não ter que cometer o mico de escrever no meu perfil  "a vida não tá fácil, quero abrir a janela e mandar todo mundo pra'quele canto"... Porque é essa a vontade que dá, quando as pessoas não entendem o problema que você vive, ou quando as pessoas vêem outros problemas como bem maiores que o nosso, simplesmente por  não terem um pequeno problema IGUAL ao nosso pra chamar de grande.


Mesmo assim, resolvi tentar uma vez mais, usando o artifício de decorar os pratos com minhas escassas opções...vocês não verão a cor verde, é verdade! Mas no dia que eu conseguir que ela coma ao menos essas opções que ela já gostou por alguns dias na vida dela, prometo que acrescendo o verde. Meu medo é colocar, e ela repugnar assim que bater o olho, e recusar também todo o resto, como já aconteceu antes.

Não reparem no amadorismo da decoração, por favor! Mas a tentativa foi feita com carinho e muita esperança...




O almoço do sábado foi médio vitorioso....comeu o frango completamente, umas duas colheradas de arroz e umas duas de feijão...

No dia seguinte, as opções não mudaram muito mas como li também "que você sempre tem que colocar legumes no prato, mesmo que eles não comam", coloquei novamente a cenoura, mas acrescentei batata doce...

Tentei apresentações diferentes para esses legumes...um dia ralado, outro em palito, outro em rodela...Fico conversando com ela, perguntando e respondendo o nome de cada alimento, a cor, o formato, e noto que ela se diverte, interage...

Mas o jantar do sábado e o almoço do domingo foi um fracasso total e o jantar do domingo, comeu apenas a carne.

Minha angústia só aumenta com os palpites dos parentes. Minha mãe, tadinha, adoece a todo prato recusado, e me implora que eu dê uma mamadeira de leite, ou bata toda comida novamente no mixer e eu "estressadamente" teimo em resistir...retroceder? Pôr em risco a vitória de ter saído dos processados? Fico sem forças às vezes, confesso. E volta e meia tenho um sobressalto tentando me lembrar qual médico deveria ter marcado consulta, qual remédio esqueci o horário, enfim... tem uma frase meio clichê que reproduz a mais absoluta verdade: "adoeça eu, mas não adoeça um filho meu". E preciso descobrir, enfim, que raio de alimento pode ainda está provocando essa inapetência passados quase 3 meses sem leite de vaca (lembrando que continua em dieta de soja e ovo).

Pra quem tem filho menos complicado que a minha caçula, recomendo essa batata doce grelhada... fica gostosinha, fácil de fazer, saudável também...



Batata Doce Grelhada

Não chega a ser uma receita propriamente dita, e sim uma dica de comida prática...

Você corta as batatas doces em palitos e distribui assim no grill, sem sobrepor nenhuma sobre a outra:


Daí, deixe grelhando por aproximadamente 5 minutos;

Abra a tampa e pingue azeite sobre cada batata para que não fiquem ressecadas (utilize uma colher, é só umas gotas mesmo, não precisa ser muito);
Feche a tampa e deixe grelhar por mais uns 3 minutos até ficarem douradas.




segunda-feira, 17 de março de 2014

Santa Catarina, lá fomos nós!

Quando meu marido contou sobre seus planos de irmos para Florianópolis e Balneário Camburiú, eu fiquei com uma fobia (e um peso na consciência, porque deveria ser euforia, né!). Mas fazia sentido, pois há menos de uma semana dessa notícia, tínhamos descoberto que nossa caçula ainda era alérgica, e ela nem bem tinha se recuperado...

Mas passado o susto, e com tempo suficiente para um bom planejamento (quase dois meses antes), comecei os trabalhos... 



Antes de mais nada: Peguei os nomes dos hotéis, entrei no site, vi as fotos dos quartos, os itens da copa... ponto positivo, eram quartos grandes, em ambas as cidades, com pia para lavar louça, microondas e frigobar.


Segundo passo: Anotar a quantidade de cada refeição. Aqui reside o principal drama, porque minha experiência já confirmou que em toda viagem, os horários de alimentação e sono (uma coisa leva a outra) mudam drasticamente, mas o sensato sempre será: leve comida para sobrar! E sendo assim, vejam como deveria ser as alimentações entre 3 a 10 de março:

  • 8 cafés da manhã;
  • 8 lanches da manhã;
  • 8 almoços;
  • 8 lanches da tarde;
  • 8 jantares.

Passei todo esse tempo até o grande dia, tentando conquistar minha filha para a aceitação de novos alimentos, mas não evoluí muito não, houve dias que ela aceitou bem carne moída, mas outros não... mesma coisa para o feijão, macarrão, enfim, ela é uma caixinha de surpresas, diferente do irmão.
Mas dois dias antes, minha funcionária fez todas os almoços e jantares, no total:
  • 10 marmitinhas de arroz, peito de frango picado e feijão; e
  • 10 marmitinhas de arroz, carne moída e feijão.


Enquanto ela fazia almoço e janta, eu trabalhava nos lanches. No total, foram:
  • Brownie;
  • Mini panqueca chinesa de recheios variáveis (chocolate, geléia de morango e carne seca);
  • pão recheado de carne seca;
  • pães bola para sanduiche;
  • sanduiches naturais;
  • Biscoitos de côco;
  • Pizza.


Fora isso, levei duas latas do leite dela (Pregomin Pepti) e eu pensava em fazer algumas compras lá, coisas como:
  • iogurte de soja (só meu filho pode);
  • frutas;
  • batata frita congelada;
  • bucha;
  • detergente;
  • etc.


Finalmente, para todo esse aparato, eu precisaria levar alguns eletroportáteis de casa, que foram:

  • Grill;
  • Liquidificador (confesso: levei o copo e esqueci o motor em casa - toioihoih - tive que comprar um novo liquidificador lá);
  • Panela elétrica a vapor (não precisei desse trambolho! Proxima viagem ele fica...se tiver microondas, não precisa da panela)


Uma ajuda muito importante que tive também foram indicações de colegas dos grupos do Facebook. Com elas, peguei as dicas de supermercados onde encontraria mais fácil produtos permitidos, além de claro: clínicas, hospitais e médicos para possíveis emergências.

Agora, vou contar pra vocês como todo esse plano de ação se saiu (risoooos). Aproveitem minhas boas investidas e aproveitem também os imprevistos erros. Mas de antemão, concluo que fatalmente, não importa o check list (que nunca dá tempo de ser checado na verdade), sempre sai várias coisas erradas. Mas o que tenho concluído felizmente, é que SEMPRE tudo acaba dando certo.

Então, foi assim...

Saímos de casa em Fortaleza no dia 03/março às 5 h da manhã e a alimentação perecível seguiu em 1 isopor térmico e em 1 bolsa térmica, já o que não estraga levei na bolsa de mão. 

Não fotografei o isopor... só a bolsa térmica, mas os dois foram assim, com um aviso escrito de última hora (de caneta mesmo) onde dizia "FRÁGIL - ALIMENTAÇÃO P/ CRIANÇAS COM ALERGIA ALIMENTAR". 

No Aeroporto foi o seguinte (vôo nacional): Eles não abriram, apenas perguntaram se tinha gelo. Não tinha, mas tinha polpa de fruta congelada, mas ensacada. As comidas estavam todas congeladas. Depois que você passa no check in da empresa aérea, só então, é que você pode embalar a bolsa nesses sistemas tipo Protec Bag. Embalamos os dois, bolsa e isopor, pra evitar escorrer água, levamos ambos em cima conosco. Antes de embalar, gente, não esqueçam de tirar as refeições necessárias antes de chegar ao destino. 


E aqui, a razão do meu cansaço já na pré-viagem, alimentação feita em casa:


Uma fornada de Brownies
6 pacotes de biscoitos de Côco (6 travessas e 3 fornadas)



6 sanduiches naturais com recheio de frango
Receita de Massa Coringa, abri massa, cortei em rolelas, untei com
geléia de morango(1), recheei com o frango(2), fechei com outro círculo(3),
e passei o papel filme(4) um a um.


Uma pizza quadrada embalada por metade em saco culinário


6 pães embalados em saco culinário também


Pão Recheado, que você pode embalar já fatiado. Essa idéia, posto depois
de onde tirei. Uma amiga que me mostrou a foto e essa foi minha primeira tentativa, por isso ficou essa minhoca de diâmetro diferente rsrs

Mini-panquecas chinesas:
4 de frango
4 de geleia de morango
7 de chocolate granulado

Para comer durante o vôo, deixei a mão:
  • duas marmitas (uma de bolo e outra de cereal) para cada um dos meninos
  • uma marmita de almoço para Lívia
  • uma marmita de janta para Livia 
(Danilo já pode comer traços, então contei que almoço e janta seriam comprados mesmo)


Querem saber que horas fui transferir as marmitas congeladas para o frigobar?
Lembram que saí de casa às 5 da manhã né? Pois chegamos ao hotel em Balneário Camburiú  às 20h, ou seja: 15 horas de isolamento térmico apenas (praticamente uma viagem internacional!). Mas vejam só a boa notícia: Perdi APENAS duas marmitinhas, e sabendo que seriam 16 refeições, ainda me restavam 2 refeições para Danilo, caso algum dia não encontrássemos restaurante com comida sem leite e sem ovo (com traços) para ele. 

Uma outra observação IMPORTANTE que tenho a dar: Lembrem-se que no hotel teremos apenas um FRIGOBAR, e não a sua super geladeira com freezer master! Olha a situação que ficou, tive que deixar algumas marmitas na parte de baixo, para serem servidas no dia seguinte. Mas deu certo. Só não pude comprar as batatas fritas que imaginava. Aliás, você deve está se perguntando: Onde eu assaria as batatas? Show de bola: no GRILL! Ficam perfeitas! Comprei um pacote no último dia, quando nosso frigobar já estava vazio. Aliás, saldo total: faltou o almoço do último dia (não jantaram, comeram porcarias no avião). E como me virei nos 30? Thanan: Batata não-frita no grill + carne em tiras da Vapza (deliciosa, em Floripa, muitos lugares vendem vapza) + nada (devia ter sido o arroz da Vapza, mas eu deixei de comprar o arroz por achar que não precisaria. Fica outro conselho: Numa viagem louca assim, compre logo ao menos uma opção desse plano B, para casos de imprevistos. No último dia, ou eu arrumava a mala de volta, ou eu ía no supermercado comprar arroz vapza. Preferi arrumar a mala.  



E enfim, tudo deu certo! Eles não morreram de fome, não tiveram nenhuma reação alérgica, aproveitaram a viagem, eu aproveitei... Certo? Em termos, não.

Lívia teve uma diarreia no último dia sim. Comeu traços, apesar de todo esforço, não consegui evitar. E aqui, reside mais uma importante dica que deixo para vocês: As marmitas. Escolham um material que possa ir ao microondas. Eu levei nas de alumínio, daí na hora de esquentar, percebi a mancada e tava sem jeito. Tinha que deixar que colocassem num prato de lá, no microondas da cozinha do restaurante, uma loucura! Fechei os olhos e entreguei a Deus! Daí gente, meu mais rico aprendizado para as próximas:

De início, indiquei equivocadamente, baseada em pesquisas de google, que aquelas marmitex de isopor eram "perfeitas" para já congelarmos cada refeição individual, pois entregaríamos na cozinha com a aba de encaixe aberta, porém com a tampa fechada (vocês sabem que a gente não pode colocar um recipiente totalmente fechado no microondas, né?) Então, a comida seria aquecida ali mesmo, protegida de contaminantes em mãos, colheres, ar, e você poderia até esperar um tempo para servir (tipo  um dia de passear na praia, viu um restaurante legal, pediu para aquecer, e levou na bolsa novamente para oferecer daqui a pouco). E nela também você serviria a refeição ao filho, bastando uma simples colher descartável...ok?

NÃO, não ok... Graças às minhas assistentes e contribuintes de valiosas informações, descobri que o ISOPOR NÃO PODE IR AO MICROONDAS, contrariando todas as minhas pesquisas em site de "ilibada credibilidade".

De acordo com o Wikipédia, minhas amigas, o isopor nada mais é do que um poliestireno expandido e este material quando aquecido em um forno microondas, principalmente se contiver um alimento com elevado teor de gordura, pode desencadear um processo de liberação de gases nocivos a qualquer ser humano (MORRI!).

SENDO ASSIM, minha sugestão melhor acertada é:
  • Leve suas refeições em porções individuais, naquela marmitex de alumínio mesmo, a mesma que levei nessa viagem. Na noite anterior, antes de você dormir, retire a marmitex do almoço seguinte do congelador e desça para a parte inferior do frigobar/geladeira. Na manhã seguinte, certamente vocês sairão para um passeio logo que acordarem e só voltam após o almoço, certo? Sendo assim, retire sua marmitex do almoço (e da janta se for o caso) e transfira o conteúdo para um depósito pequeno de PLÁSTICO BPA FREE, onde você poderá aquecer no microondas de um restaurante. Lembrando que, ao colocá-lo no micro, a tampa terá que ser aberta pra não explodir o equipamento alheio e toda sua refeição!
    Recapitulando, então, o ideal é que você leve no mínimo 2 depósitos de plástico BPA-free, no tamanho justo o menor possível, conselho de amiga que tá com dor nas costas ainda, de tanta bagagem acompanhando diariamente em SC...estamos entendidas assim? rsrsrs
    Agradecimentos especiais às minhas amigas Milena Linard, Rubiane Ganascim e Danielle Lauzem :D
 
Outra dica especial para você, mãe de alérgico, que sabe que toda viagem será ESTRESSANTE, mas que vai fazer de tudo pra ser só um pouquinho e não um muitão:
  • Programe uma viagem de 1 cidade só, 1 hotel APENAS. imagine você que eu tive que desfazer meu acampamento lá em Balneário, e refiz tudo de novo em Floripa, para 2 dias depois, desfazer novamente para o retorno a Fortaleza...cansa demais, meu povo! Mas deu tudo certo!
Santa Catarina é linda, ao menos as cidades que visitei!

O que acontece lá que no resto do país não????

Casas sem muro ou de muro baixo, beira-mar, beira-lagoa, beira-rio tudo muito lindo, estruturado... Aquela orla de Floripa, gente, o que é aquilo? 

Equipamentos de ginástica, de parquinho, de bancos, de mesas, de ciclovia, de passeios, as pessoas todas caminhando, se confraternizando (aliás, como não ser esportiva numa cidade daquelas, que te convida a olhar pra ela o tempo todo?)...
Parabéns gente de lá, linda demais a terra de vocês...E quem não conhece, podem ir, vale a pena.

Também fizemos dois dias de Beto Carreiro, muito bom... inesquecível!

Beijos
Marília






domingo, 16 de março de 2014

A Caminho da sonhada Inclusão Escolar...

Depois de 5 dias de redação, finalmente consegui fechar essa publicação no Blog, como não poderia deixar de ser, pronunciar um fato muito feliz para inclusão escolar aqui em Fortaleza. Mas vou contar esta saga desde o começo, até para servir de documento histórico, afinal realmente estamos escrevendo História não apenas nessa cidade, mas no país (lembremos também da repercussão do movimento #poenorotulo).

Em fevereiro de 2010 foi criado o primeiro grupo de mães de aplv de Fortaleza na rede social Orkut, a comunidade Meu Filho tem Aplv. Começei como integrante em novembro daquele mesmo ano, iniciando minha carreira de "internauta por uma boa causa". Mal sabia que os outros Estados também articulavam grupos até maiores, destaco aqui o trabalho da Vivi Correia no seu Blog Malu contra a Alergia Alimentar, que serviu como apoio inicial de muitas mães pós-diagnóstico (inclusive eu) naqueles tempos quando dificilmente ouvíamos alguém falar em alergia ao leite. Passado um tempo tivemos aquela baixa de acesso ao Orkut em favorecimento ao Facebook, que começou a ganhar uma explosão de adeptos, quando os grupos todos começaram a "migrar para" ou "nascer na" nova rede virtual: Amigas da Alergia, Tips4Aplv, Meu filho tem Alergia Alimentar, Alergias e Intolerâncias Alimentares, Mães na luta contra Alergia Alimentar e uma infinidade de tantos outros.

Em todos eles, mães procuram e encontram o apoio recusado (na maioria das vezes) pela sociedade, pela indústria e serviços e até mesmo pela família. Lá, normalmente, não se fala das grandes problemáticas mundiais, de política geral, de meio ambiente, economia, e demais atualidades noticiadas nos destaques jornalísticos (e até se fala, por consequência), e com muitas de nós realmente, e infelizmente, não nos sobra tempo de olhar para o macro, porque Alergia Alimentar nos consome 24 horas por dia, sem direito a férias, fim de semana, fim de expediente... 


Por todos esses anos que venho acompanhando outras mães via internet, tenho visto histórias parecidas com a minha, experiências felizes ou não, que nos ajudam a optar por caminhos melhores. Diante da vasta gama de profissões ali contidas, aprendemos sobre medicina, higiene, biologia, química, nutrição, psicologia, culinária... aprendemos a reconhecer não apenas sintomas confusos até mesmo para os profissionais da saúde, como também a reconhecer que somos fracas sozinhas e fortes quando unidas. E tendo consciência que até mesmo aqui, nos fragilizamos pela desunião nas incompatibilidades de personalidade, percebo que predomina a vontade de "fazer junto", de unir forças, e quando isso acontece em prol de um objetivo focado, geralmente temos êxito. E foi essa a razão de vitórias já conquistadas até aqui, como por exemplo, a primeira resolução jurídica na história desse país a abordar inclusão escolar de crianças com restrição alimentar, aprovada pelo Conselho de Educação de Fortaleza, neste dia 12 de março. 


Como tudo começou?


Antes de mais nada, quero lembrar que não faz parte do meu perfil bajular ninguém, certo? Não é de mim...antes fosse! Assim quem sabe eu tivesse mais "amigos" ou ao menos uma folha de pagamento todo final de mês (risos!). Quando um dia você ouvir alguma declaração de afeto minha, pode ter certeza, é porque gosto meeeesmo... e se vou falar dos feitos de alguém ou citar partidos políticos, é porque eu seria injusta de contar essa história sem os denominar. Não tenho intensão política, não estou lucrando absolutamente nada, nem entendo dessas jogatinas do meio. No entanto, uma das coisas mais tristes que vejo é a falta de reconhecimento. Por isso estou aqui "dando nome aos bois" sim, em alguns momentos. Se omitir alguém ou algum fato, é por que realmente algumas partes são mais sensatas serem omitidas.


Aqui em Fortaleza, em meados de 2013, recebi uma mensagem da amiga Fabienne perguntando se eu podia participar de uma reunião com o Renato Roseno (PSol-Ce) para falar sobre alergia alimentar. Fui sem saber direito "a que" e "quem" iria encontrar, mas fui pelo "porque"...falar com um representante político (que por acaso tinha sido minha opção nas últimas eleições para prefeito de Fortaleza) "porque" seria uma oportunidade de diálogo sobre alergia alimentar, fato exótico e que minha consciência realmente não admitiria perder. Lá conheci uma pessoa: Aline Saraiva (também conhecida como "Aline do leite" :) ), e desde então, esta tem sido verdadeiramente uma peça importante na história que tento contar. Pelo que soube em nossas raras conversas sobre "assuntos outros", ela teve uma militância política ainda quando estudante, divorciada ainda antes do parto, criou 
o Enzo apesar da força de todas as dificuldades. Além de ser um menino adorável e inteligente, quis o destino que este pequeno fosse também alérgico à proteínas do leite, da soja, do ovo entre outras mais...com familiares e amigos médicos e políticos, enraizou-se facilmente neste meio, conquistando aliados importantes não apenas no PSol, mas comunicando-se com facilidade entre representantes do governo e da oposição. E pelo que percebi, esse tal destino entregou finalmente uma bandeira para Aline chamar de sua, e graças a Deus essa era exatamente a mesma minha, da Thici, da Ana Roberta, da Tatiara, da Daniara, da Cecilia, da Inês, da Ineide, das Marias...e tantas e tantas que a tanto tempo choram sozinhas em casa sem saber, sem sonhar que existia algo mais eficiente que apenas falar alto com diretores de escola, atendimentos de empresas, funcionários de hospitais... 


Voltando a conversa com Renato Roseno (diga-se de passagem, um ser humano admirável e comprometido), estávamos lá: o próprio, a Aline, eu e outra mãe que conheci, a Ineide. Descobri que o teor da reunião era debater sobre o desorganizado atendimento (até então) no programa da fórmula alimentar especial (o Neocate), incluindo-se aí a estrutura do Hospital Albert Sabin, os procedimentos e métodos de atendimento pelos profissionais, o descaso pelo poder público, burocracia, entre outros mais. 


A partir daí, tive o conhecimento que o Roseno, na verdade, tinha entrado nessa história já por intermédio de outra grande figura do mesmo partido, a então vereadora Toinha Rocha, cujo assessor jurídico Rodrigo de Medeiros era amigo íntimo da Aline. Só então comecei a encaixar aquela inusitada aparição na minha pacata vida, quando também pude assistir um vídeo gravado pela equipe desta mesma vereadora, onde foi realizada uma "blitz cidadã" no hospital onde as crianças atendidas pelo programa do leite são assistidas. (Assista o vídeo AQUI)


Recomendo demais que vejam esse vídeo, e entendam o que eu senti quando vi Toinha Rocha realmente abraçando a nossa causa, como uma mãe de todas nós, com todas aquelas características peculiares de garras, de peito, de voz, de tiro no olho. Foi o suficiente para me encher de esperanças e voltar aos grupos do facebook (na época, eu estava em um dos tantos períodos de greve de internet), e fiz a ponte entre as moderadoras do grupo AIA e demais integrantes. Idealizamos uma associação (pois a Apaace, na época estava desativada e inacessível aos nossos anseios, pois precisávamos nos impor como uma entidade jurídica devidamente formalizada) e até iniciamos algumas reuniões e uma oferta de cede (Roseno nos disponibilizou a estrutura física do Cedeca-Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará). O corpo inicial integrante éramos: Eu, Aline Saraiva, Thiciana Bezerra, Ana Roberta , Tatiara Monção, Tássia Leitão, Sued Mara e o Rodrigo de Medeiros sempre como nosso conselheiro e assessor jurídico. 


A partir de então, sucederam-se tantos novos eventos dentre os quais, uma audiência na Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública presidida pela Dra. Isabel Porto, incentivada por um problema momentâneo (mas recorrente) na distribuição do leite. Saímos de lá com o comprometimento de regularização e a garantia de que o governo ampliaria a idade máxima para fornecimento do mesmo, de dois para três anos de idade da criança (Naquela época, eu acreditava que minha filha já estivesse curada, mal sabia que, por conta desta conquista, hoje ela continuaria recebendo seu alimento, mesmo tendo mais de 2 anos).

Outra data importante foi a Audiência Pública realizada na Câmara Municipal de Fortaleza, no dia 19 de abril de 2013, onde o tema era "Necessidades Fundamentais das Crianças com Alergia Alimentar" (link AQUI). Foi um dia memorável, contando com a participação de familiares, representantes de órgãos ligados ao Programa do Leite, representante da Sociedade Cearense de Pediatria, políticos entre outros. (Algumas das mães presentes tiveram a oportunidade de se pronunciarem, AQUI a minha participação.)


Mas o intento de tornar o grupo AIA uma entidade não vingou. Mais uma vez vi a formação de uma associação cair por terra, por razões muito parecidas. A parceria se quebrou mas eu, particularmente, nunca deixei de acreditar que algumas conquistas viriam pelas mãos daquela força política de Aline, e continuei disponível na parte que me cabia, e sempre que solicitada. Minhas contribuições  se resumem aos 5 anos de experiencias de vida, à bagagem imposta e acolhida, a minha formação de arquiteta e urbanista que me muniu de conhecimentos de planos e projetos, com o que posso, com a vontade que tenho de fazer minha parte e tenho seguido essa linha de acrescentar nos diálogos que Aline consegue atrevidamente travar com o poder público.


Creio que a Audiência Pública seguinte, também na câmara e de autoria da mesma vereadora (Toinha Rocha, sempre ao lado do também vereador João Alfredo), que aconteceu no dia 03 de dezembro de 2013, com o tema "Inclusão de Crianças com Alergias Alimentares em Escolas Públicas e Particulares", foi um grande marco nas conquistas subsequentes. Mas dessa eu não participei, ao menos de corpo presente. O que fiz foi abrir um grupo para diálogo preparatório para a audiência, a pedido de Aline, no próprio Facebook, dois meses antes da Audiência ser marcada. O Nome era Grupo de Discussão sobre Alergia Alimentar e a intenção primeira era adicionar pessoas engajadas e experientes, mães de outros estados também. Reuni alguns bons documentos já existentes sobre o tema, abri discussões, expus experiências, tivemos muitas contribuições importantes, cada uma teve um valor edificante. 


Não sou programadora visual, mas o panfleto de divulgação fiz com carinho e por dias anteriores ao evento, ele rodou assim pelos perfis do Facebook:




E enfim, encerrei minha participação naquela preparação de Audiência com uma apresentação tosca do power point e que graças a Deus não foi levada ao projetor. Posteriormente os slides foram melhor elaborados, transformaram-se naquele folheto que enviei para escola do meu filho e publiquei aqui (Este). Essa mesma publicação acabou transformando-se em um material mais enxuto ainda, que sistematizei na forma de "normas" desejáveis.

Depois disso, Aline Saraiva reapareceu no meu "inbox" novamente em fevereiro deste ano, na ocasião em que retornou à Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública por novas preocupações na entrega do Neocate. 

Em paralelo, aquela Audiência Pública no fim do ano passado já tinha gerado frutos. O Conselho Municipal de Educação começava a discutir sobre um anteprojeto de resolução para regulamentar as problemáticas abordadas ali. Compareci então, novamente com Aline, ao gabinete da Toinha Rocha e deixei com o Rodrigo aquele documento que formulei, com as normas desejáveis (veja documento AQUI). Em seguida, seguiu-se um debate e, por fim o Ante-Projeto da Resolução estava editado e foi lançado à votação, neste dia 12 de março de 2014.

Importante também foi uma conversa que tivemos neste mesmo dia pela manhã, eu, Aline e Bruno Feitosa, assessor da Célula de Alimentação Escolar da SME (Secretaria Municipal de Educação) de Fortaleza (administração PSB - lembra que mencionei que ela intervinha em todo tipo de partido?), onde tivemos a oportunidade de um diálogo muito positivo, pelo teor das informações que conseguimos transmitir e principalmente pela receptividade e acolhimento de todas aquelas informações. Fiquei feliz com o engajamento que vi no Bruno, senti esperanças de ver nossas propostas beneficiando as crianças do ensino público em Fortaleza. Surgiu o convite de conversarmos com o setor de Arquitetura e Engenharia, para adaptações e novos projetos de cozinhas "alergicamente corretas" e também para participar de uma reunião com  a nutricionista no dia seguinte, para ver a possibilidade de adaptação de cardápio.

Logo mais, por volta das 14hs começava 72º Reunião Ordinária do Conselho Municipal de Educação de Fortaleza, com dois assuntos: o primeiro sugeriu correções na Resolução que dispunha sobre inclusão de estudantes com deficiências, Transtornos Globais de Desenvolvimento e altas habilidades/superdotações; e o segundo tema, que começou aproximadamente as 16 hs, analisou, discutiu e APROVOU o Anteprojeto de Resolução que dispunha sobre a obrigatoriedade da matrícula e da alimentação escolar adequada para estudantes clinicamente considerados celíacos, diabéticos, com alergia ou intolerância alimentar e outras patologias congêneres nas instituições educacionais públicas e privadas do município de Fortaleza. E como representantes de nós mesmas mães, estávamos: Rodrigo Medeiros (como sempre), Aline Saraiva, Sued Mara e eu. 

O que posso dizer desse dia: Não foi enfadonho ouvir falar dos problemas dos autistas antes do nosso, não tive medo de falar o pouco que manifestei quando me coube, não polpei palmas para celebrar o desfecho da resolução, e por fim, não segurei as lágrimas quando Rodrigo me cumprimentou usando de algumas palavras que me trouxeram um filme "the flash"...ele disse "Eu nunca esqueço que você, naqueeela época, já falava dessas questões...com seu filho..." 

E realmente, há quanto tempo! Em segundos, me vi com Danilo aos 2 anos numa mesa rodeado de crianças da mesma idade, onde os outros comiam pão de queijo e curiosos tentavam mexer no lanche sem leite que meu filho comia...e a professora que tocava nele depois de entregar o sanduíche de queijo para outra criança... me vi indo embora daquela escola, sufocada em tanto leite, levando comigo meu filho em suas únicas duas semanas de infantil 2... me vi em lágrimas na sala do diretor...Me vi rapidamente na escola seguinte, no ano seguinte, olhando Danilo por cima do muro lanchar numa mesa de uns 12 lugares, mas sozinho cercado de muitas cadeiras vazias, enquanto a outra mesa, na outra ponta do salão, reunia sua turma completa...me vi algumas dezenas de vezes na sala da diretoria, pelejar nas mesmas pendengas de sempre, ora com psicóloga, ora coordenadora, ora diretora...me vi separando marmitas de brigadeiros pra ele levar nos aniversários de sala de aula... me vi na porta da sala, fim do turno, vendo passar por mim uma coleguinha, duas, três, todas com pacotinhos enfeitados cheios de mimos e guloseimas, e Danilo de mãos vazias: minha mais cruel ferida deste dia quando, só ali em setembro, descobri que por todo o ano letivo, em cada aniversário de aluno, ele era o único que não recebia a lembrançinha... 

Como não me emocionar de saber que aquela resolução, primeira na história do país a contemplar este tema, acontecia ainda a tempo de beneficiar meus dois filhos.

Dentro de alguns dias, ela deve ser publicada. Ainda não temos o texto disponível, mas basicamente trata de abrangências, nada específico demais, ele talvez até esteja sujeito a alguns escapes, pois não amarra o cuidado com os traços de forma tão rígida como tem que ser, mas já atende muito bem àqueles que toleram traços, e promete ser a introdução para maiores vitórias.

Certamente, as escolas públicas e privadas dessa cidade, começarão a enxergar a Alergia Alimentar e temos aqui conquistado:
  • a seguridade da matrícula;
  • a seguridade em podermos optar por levarmos a alimentação de casa;
  • a seguridade de termos nossos filhos inclusos nas atividades curriculares e eventos comemorativos.
Finalmente, termino essa publicação com um outro material que enviei ao Setor de Alimentação Escolar da SME de Fortaleza, que afinal ficou interessante. Aqui vou apenas omitir os itens que fazem parte do cardápio, por que não sei se essa divulgação estaria autorizada. Mas no documento enviado, assinalei as refeições que mereciam adaptação, e logo em seguida fiz uma proposta de produtos de substituição e, por fim, um layout do que seria essa cozinha perfeita. (Link AQUI).


Programa para Alimentação Escolar

Programa para Alimentação Escolar
Cozinha livre de contaminação cruzada de alérgenos
Por Marília Pinheiro
Março/2014


Contaminação Cruzada com Alimentos Alergênicos

Imagem retirada do Site www.disneybabble.com.br
Dentre os Alimentos causadores de Alergias Alimentares em Crianças, 90% destes referem-se a quatro dos quais: proteínas do Leite, Ovos, Trigo e Soja[1]. Porém vale ressaltar também outras alergias como Crustáceos, amendoim, carne vermelha e de frango, e peixes. Muitos casos costumam perdurar apenas na infância, mas sabemos que há casos que se perpetuam pela idade adulta.
Manifesta-se de forma diversa, podendo afetar diferentes sistemas do corpo humano, prejudicando a qualidade e até mesmo a manutenção da vida. Muitos mistérios ainda precisam ser solucionados neste campo, no entanto, a dieta excludente dos alérgenos envolvidos é reconhecidamente a medida mais segura de reverter os sintomas.
As pessoas que fazem uma dieta restritiva de leite de vaca, por exemplo, precisam checar o rótulo de todos os alimentos que consomem, averiguando nos ingredientes se existe algum componente derivado do leite. No entanto, a preocupação não deve se restringir apenas aos ingredientes que compõem os alimentos ofertados, mas também aos processos envolvidos antes da ingestão desses alimentos em razão do que se chama "Contaminação Cruzada de Alérgenos". Essa contaminação pode ocorrer não apenas nas industrias durante o processo de fabricação, mas também dentro das cozinhas onde tais alimentos são preparados antes de serem servidos, seja no próprio lar ou seja na cantina das escolas.
Por tanto, a seguir, mostramos os principais problemas que geram risco dentro do ambiente de alimentação escolar e suas possíveis soluções.

    1) O que é contaminação cruzada de alimentos?

Ocorre quando microrganismos são transferidos de um local para o outro através de utensílios, equipamentos, mãos, etc.[2]

     2) Como evitar a contaminação cruzada de alimentos alérgenos?

Primeiramente, separando alimentos "alergênicos" dos "não alergênicos", em todas as etapas de armazenagem, produção, distribuição e alimentação. E associado a isso, manter uma higienização eficiente de mãos, utensílios e equipamentos antes e/ou depois da utilização.

     3) Quais os materiais mais contaminantes e difíceis de higienizar?

Materiais porosos são muito perigosos quando se busca higiene, pois mesmo após a assepsia podem acumular resquícios e pequenas partículas de um alimento, o suficiente para desencadear reações em alérgicos alimentares.
  • Materiais que devem ser evitados: Plástico, Teflon, Porcelana (quando descascada), Alumínio (quando arranhado).
  • Materiais recomendados: Aço inoxidável, Vidro.

    4) Quais os principais meios de transporte dos agentes contaminantes?
  • Mãos;
  • Panos de prato;
  • Esponjas de lavar louças;
  • Bancadas de trabalho;
  • Chapas, grelhas e Grill elétrico;
  • Fornos;
  • Copos de liquidificador, mixer, processador e afins;
  • Jarras;
  • Panelas;
  • Pratos, copos e talheres;
  • Pegador de quentes, fatiador de frios; entre outros. 
    5) É possível obedecer esta separação de utensílios quando a estrutura física do ambiente não é adequada, no caso de inviabilidade financeira de reforma?

Sim, é possível quando a equipe que realiza as atividades é bem informada sobre a importância dos cuidados e orientada sobre os métodos. A Separação poderá obedecer um planejamento simples das etapas em cada processo.
Por exemplo: Na etapa da lavagem de louça a solução pode ser manter os utensílios isolados (sujos de alérgeno ou limpos de alérgeno) dentro de uma grande bacia. Escolher qual tipo de utensílio será separado dentro dessa bacia (se os sujos de alérgeno, ou se os limpos de alérgeno), na maioria das vezes vai depender do tipo de utensílios predominantes nesta cozinha. Se forem artigos de material poroso (muitos plásticos e panelas teflon), o ideal é que dentro da bacia fique os limpos de alérgeno, ou seja, aqueles que foram usados pelas crianças alérgicas.  No entanto se nesta cozinha, a maioria dos utensílios são de aço, ou seja, de fácil lavagem, seria mais prático o isolamento, não dos artigos que foram sujos apenas com alimentos sem leite (por exemplo), mas sim dos que estão sujos de leite. Na verdade, os usuários da própria cozinha, eles mesmos vão encontrar a metodologia mais viável. O importante, para o sucesso desta, é que estes funcionários compreendam verdadeiramente a forma como essa contaminação acontece, e  acreditem na importância destes cuidados para manutenção da saúde destas crianças. Por isso, torna-se relevante que haja uma assessoria especializada, seja em forma de palestra, mini-curso,  ou oficina.

6) Quais são os métodos mais eficientes para evitar contaminação cruzada de alérgenos?
  • Separar utensílios durante lavagem, lavando-os em momentos distintos;
  • Separar uma bucha apenas para os utensílios de restrição alimentar;
  • Marcar com caneta permanente ou esmalte de unha os utensílios de restrição alimentar;
  • Toda higienização deverá ser feita com água e detergente. Proteínas não são como bactérias que morrem com álcool gel ou com água fervente. Proteínas devem ser realmente lavadas em água corrente e sabão;
  • Sempre lavar mãos após manusear produtos com alérgenos;
  • Tampar todas as panelas a fim de evitar respingos;
  • Não utilizar a mesma colher para mais de um preparo (o ideal é que sejam preparados em fogões e fornos diferentes;
  • Higienizar muito bem chapas onde assam pães, queijos e ovos;
  • Higienizar muito bem fornos antes de assar alimentos para alérgicos alimentares;
  • Ter dois ou mais copos de liquidificador separando-os com marcador permanente conforme o alimento processado (Se for de vidro ou aço, só precisa 1 mesmo, obedecendo-se o processo de higienização);
  • Limpar muito bem as bancadas de trabalho antes e depois de cada preparo, entre outros.

  
Propostas para adaptações ao cardápio escolar vigente no ensino municipal público de Fortaleza
(refeições do cardápio omitidas nesta publicação por tarja cinza)

1) Cardápio do ensino infantil (I ao V) Vigente:

Café da Manhã:
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx- necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx  - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação


Lanche da Manhã:
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx) - Perfeito para demais alergias , mas no caso de alergias a alguma fruta substituir por outra.


Almoço:
  • Xxxxxxxxxxxxxxxxbeterraba)
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx)
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx
  • Xxxxxxxxxxxxxxx) - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxx)


Lanche da Tarde:
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxx)- idem observação do lanche da manhã


Jantar:
  • Xxxxxxxxxxxxxx) - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx - necessário a adaptação
  • Xxxxxxxxxxxx)
  • Xxxxxxxxxxxxxx)
  • Xxxxxxxxxxxxxxxx


2) Adaptações do cardápio do ensino infantil (I ao V) Vigente:
  • Substituir o leite de vaca por :

-leite de soja, para alérgicos ao leite;
-leite de aveia ou de arroz, para alérgicos a soja (sugestão: Jasmine);

  • Substituir a farinha láctea por:

-farinha de soja, para alérgicos ao leite (sugestão: Soymilke);
-farinha de arroz, para alérgicos a soja;

  • Substituir o leite condensado por:

-mel;
-leite condensado de soja (este não pode para alérgicos a soja, sugestão soymilke);

  • Substituir chocolate em pó por:

-chocolate em pó sem leite (sugestão: Dois Frades Nestlé), ele é 50% cacau, pouco adoçado, por tanto necessita mais açúcar quando em preparos;

  • Substituir manteiga e margarina por:

-creme vegetal (sugestão: becel);
-óleo;
-azeite;

  • Substituir Biscoitos doces por:

-Biscoito integral (sujestão: Jasmine, este só contém traços de soja)
-Biscoitos craker, rosquinhas, maria e maizena sem leite, ovos ou soja (sugestão:  Prodasa, embalados pelo hiper bom preço);

  • Substituir óleo de soja (para alérgicos a soja) por:

-óleo de girassol ou demais vegetais;

  • Substituir iogurtes por:

-iogurte de soja (sugestão: naturis soja da batavo);

  • Substituir temperos industrializados por temperos caseiros para evitar contaminação cruzada dessas empresas;
  • Substituir macarrão com ovos por macarrão sem ovos;
  • Substituir as frutas dos sucos conforme alergia específica (caju, banana, mamão costumam causar mais problemas, mas é raro);
  • Retirar a proteína da soja quando existir alérgicos a esta proteína;
  • Algumas crianças, na primeira infância, reagem aos legumes coloridos;
  • Não colocar queijo, manteiga ou margarinas em preparos para alérgicos a leite de vaca.

  
Layout Arquitetônico
A cozinha perfeita contra a contaminação cruzada

1) Cozinha:
  • Deve ter paredes e pisos com revestimento de fácil lavagem (cerâmica ou porcelanato);
  • As bancadas e superfícies de preparo de alimentos deve possibilitar um fácil lavagem, sendo de material não poroso (aço, granito ou vidro);
  • Deve conter , no mínimo, duas bancadas de pia para lavagem de louça, separadas entre si com distância máxima possível ou por divisória ou parede (alimentos alergênicos x alimentos não-alergênicos); e
  • Duas mesas de preparo, separadas com distância máxima possível entre si ou por divisória ou parede (alimentos alergênicos x alimentos não-alergênicos);


2) Refeitório:
  • Deverá ser um ambiente bastante arejado, a fim de que as proteínas voláteis dos alimentos se dispensem rapidamente do ambiente de refeição;
  • A janela e porta de acesso à cozinha deve ser possível de vedação máxima, a fim de que não haja contato das crianças com o vapor que vem de lá durante o preparo dos alimentos (as proteínas são voláteis podendo afetar o organismo até mesmo pelo ar);
  • Deve ser provido de cubas estrategicamente locadas para assepsia das mão das crianças antes e depois das refeições;
  • As mesas e cadeiras devem ser de material facilmente lavável (não poroso).






[1] Wellington G. Borges e Departamento e Alergia e Imunologia Sociedade Brasileira de Pediatria
[2] Rafaela Lima no Site "Organizar para Viver"